quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Mauro Ferreira: Versão brasileira de 'Alô, Dolly! preserva arquitetura clássica do musical:




Mais uma ótima crítica de Alô, Dolly! (musical) !!! Mauro Ferreira: Versão brasileira de 'Alô, Dolly! preserva arquitetura clássica do musical:

Resenha de musical Título: Alô, Dolly! Texto: Michael Stewart Música: Jerry Herman Direção e versão brasileira: Miguel Falabella Direção musical: Carlos Bauzys Elenco: Marília Pêra, Miguel Falabella, Alessandra Verney, Frederico Reuter, Ubiracy Paraná do Brasil, Ester Elias, Brenda Nadler, Ricardo Pêra, Patrícia Bueno e Thiago Machado Foto: Caio Gallucci Cotação: * * * 

Em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), até 23 de dezembro de 2012 

Musical até então encenado somente uma vez no Brasil, em montagem de 1966 estrelada por Bibi Ferreira no rastro do sucesso do espetáculo que estreou na Broadway em 1964, Alô, Dolly! ganha outra versão brasileira. Assinada por Miguel Falabella, a encenação em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), preserva a arquitetura clássica de um musical que já pertence a algum lugar do passado de glória da Broadway e que já soa ingênuo frente a textos mais recentes que renovaram a face e os temas dos musicais. Passada em 1890 em Nova York (EUA), a trama - frágil, pretexto para o desfile da premiada trilha sonora do compositor Jerry Herman - está centrada nas armações da viúva casamenteira Dolly Levi (Marília Pêra) para arranjar um marido para ela própria, Dolly. O alvo é o avarento Horácio Vandergelder, encarnado por Falabella com sotaque interiorano e com certa verve que acentua o caráter patético da personagem e o aproxima do universo brasileiro sem jamais descambar - justiça seja feita - para o humor populista das chanchadas. Dona da voz mais bonita do elenco brasileiro dessa atual versão de Alô, Dolly!, Alessandra Verney valoriza todos os números musicais de que participa, com destaque para seu solo em Ribbons Down My Back. Contudo, é inegável que o maior charme e apelo do espetáculo reside na figura de Marília Pêra. Ver a atriz e eficiente cantora descer as escadarias que conduzem ao restaurante - cenário principal do segundo ato (mais ágil e sedutor do que o primeiro, aliás) - entoando a música-título Hellô, Dolly! é cena memorável que, aliada ao rigor técnico da produção, acaba justificando a remontagem do musical transposto para o cinema em 1969 em filme protagonizado por Barbra Streisand. Atores, coro e bailarinos totalizam 29 pessoas em cena. Sob (tradicional) direção musical de Carlos Bauzys, a orquestra formada por 16 músicos executa temas como Before The Parade Passes By, vertidos com fluência por Miguel Falabella para o português. E assim - convencional, clássico, datado - Alô, Dolly! desfila diante do público carioca nesta versão brasileira animada pelo diálogo sutil de Marília com Falabella. Cúmplices em cena, os atores têm a verve dos comediantes, dos artistas populares de empatia imediata com o público. Ao suar tal tarimba sem exagero, os atores diminuem a sensação do espectador de que libreto, músicas e coreografias de Alô, Dolly! deveriam permanecer - intocáveis e imortalizados - em algum lugar do passado mítico da história sempre em evolução dos musicais norte-americanos. 



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