quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Jornal Copacabana entrevista Alessandra Verney



Na “onda” dos musicais, o Jornal Copacabana encontrou mais uma moradora ilustre! Alessandra Verney protagonizou o espetáculo 7 - O musical, Os Saltimbancos e compôs o elenco de Beatles Num Céu de Diamantes. Enquanto aguarda a próxima estreia, ela se dedica ao primeiro CD com músicas autorais e de convidados. Conheça um pouco mais da trajetória dessa gaúcha apaixonada por Copacabana.

Jornal Copacabana: Você começou a cantar e estudar violão aos sete anos de idade. Hoje é uma das artistas da nova geração das chamadas “cantrizes”. Como é tornar um sonho infantil em realidade?

Alessandra Verney: Na verdade tudo era muito distante da minha realidade. Eu estava no Sul, longe das capitais, mas nunca tive dúvidas: queria ser atriz. Eu era uma criança e as pessoas não viam como profissão, mas eu tinha um “bichinho” dentro de mim que me fazia querer isso. Por isso eu sempre pensava em estudar e me aprimorar. Como não havia cursos de teatro por lá, eu manifestava no canto o meu desejo de ser atriz. Por isso costumo dizer que não escolhi o musical, ele me escolheu. Via os filmes do estilo, mas nunca imaginei fazer parte desse universo. Era muito distante até da realidade brasileira da época. Só agora os musicais estão sendo produzidos em grande escala!


J.C.: Aos 17 anos começou a ter aulas de canto lírico e popular. E interpretação? Fez algum curso de teatro?

A.V.: Infelizmente não. Quando vim para o Rio estava totalmente voltada ao meu trabalho como cantora, trouxe fita demo para entregar nas gravadoras... (risos). Todas aquelas dificuldades da época. Foi a minha amiga Alessandra Maestrini que me “empurrou” para fazer o teste para O Abre Alas. Aprendi no palco e tive uma ótima “professora”, a protagonista Rosamaria Murtinho. Ao longo da peça, tive que substituir uma atriz, sabia o texto e fui atriz no palco.


J.C.: Antes de vir para o Rio de Janeiro você ganhou o Prêmio Açorianos, como Artista Revelação, no Rio Grande do Sul. Foi como cantora?

A.V.: Foi por um show que eu fiz, e ele já era bem teatral.


J.C.: Foi aí que percebeu que deveria alçar vôos maiores?

A.V.: Foi. Ali ficou claro para mim que teria que me mudar ou seria apenas mais uma cantora gaúcha, conhecida regionalmente. Percebi que era o momento de tentar algo maior. Arrisquei!


J.C.: Foi então que se mudou para o Rio e fez o seu primeiro espetáculo, já em solo carioca, justamente O Abre Alas, que acabou abrindo as portas para participar da minissérie Chiquinha Gonzaga, na Rede Globo. Conte como foi.

A.V.: Foi uma época muito bacana! O Jaime Monjardim me viu atuando no teatro e me convidou para fazer a minissérie. Lá eu também cantei... Foi a constatação de que sou mesmo uma cantriz! (risos).


J.C.: Na televisão, fez ainda as novelas Laços de Família e América. No cinema, interpretou uma crooner em Apolônio Brasil – Campeão da Alegria. Com esses trabalhos no teatro, cinema e televisão, deu para perceber a diferença de trabalhar em cada um? Tem diferença?

A.V.: Tem muita diferença, são meios diferentes! Adorei todos! (risos). Quero trabalhar mais em televisão, para poder sentir melhor o personagem. Apesar de desenvolver o lado artístico desde pequena eu me descobri como artista. Amo cinema desde pequena, via muitos filmes e sonhava estar lá. Acabei realizando esse sonho a convite do Hugo Carvana, diretor de Apolônio Brasil. Era o meu primeiro filme e eu seria uma das protagonistas de um elenco valoroso. Ele me deu um grande presente. No cinema você tem um momento para realizar. É um prazer imenso em um curto espaço de tempo, mas muito intenso.
No teatro, apesar do que algumas pessoas dizem: “você não cansa de fazer toda semana a mesma coisa?”, nunca é a mesma coisa! Vai depender de como você está naquele dia, qual será a resposta da platéia, nunca é igual. Fazer uma temporada tem toda uma técnica específica para você saber dosar as emoções e até a sua voz, para não ficar esgotada e poder voltar ao teatro no dia seguinte. Já na tv, quero ter mais oportunidade para falar com mais propriedade, mas é um tipo de interpretação onde você tem que ser natural. Acho que é onde o personagem fica mais próximo da realidade do ator. Vou começar a filmar Fronteira de Sangue, um filme de época do diretor gaúcho Ricardo Zimmer.

J.C.: Você dança?

A.V.: Faço aulas, mas não é o meu forte. Como dizem na Broadway, sou uma atriz que sabe se movimentar. Ou seja, engano bem! (risos).


J.C.: O Abre Alas foi apenas a porta de entrada para o seleto grupo de “cantrizes” que trabalham com Charles Muller e Cláudio Botelho. Depois você ainda participou de Cole Poter – Ele Nunca Disse Que Me Amava, 7 – O Musical, entre outros. Qual a importância da dupla na sua trajetória?

A.V.: Eles são os meus “padrinhos”. Acreditaram em mim, mesmo quando ainda nem era atriz. Deram a primeira oportunidade. Eles trouxeram grandes musicais, foram bem sucedidos e eu estava em alguns desses trabalhos. Tenho orgulho de fazer parte também da carreira deles.


J.C.: Terminou recentemente as temporadas de Saltimbancos, onde você fazia a Gata e Beatles Num Céu de Diamantes.

A.V.: Saltimbancos está dando uma pausa e voltará ou no Rio ou em São Paulo, ainda não está definido. Fazer a Gata foi maravilhoso, pois remeteu a minha infância. Era muito legal ver os pais cantando todas as músicas na platéia, super animados e poder apresentar este espetáculo que foi tão importante na minha vida para as crianças de hoje. Quando era pequena, jamais poderia imaginar que um dia eu seria a Gata dos Saltimbancos! (risos). Já o Beatles tem uma história curiosa. Quando o musical 7 parou, minha mãe estava morando na Grécia e eu aproveitei para fazer shows de música brasileira lá. O Cláudio e o Charles me convidaram para fazer a primeira montagem, mas não pude, justamente por causa dos shows na Grécia. Tive que recusar o convite. Mas eles acabaram fazendo uma temporada na França e eu participei, pois já estava na Europa. Foi uma experiência inesquecível. Brasileiros fazendo um espetáculo em inglês para um público francês. Foi o auge da globalização! (risos). Um momento daqueles que justifica a carreira! No Apolônio eu tive essa mesma sensação.


J.C.: E foi feito um pouco no improviso, pois não tinha cenário...

A.V.: O talento dos atores superou o que parecia ser uma precariedade. A iluminação também era muito boa, do Paulo Medeiros. Depois o cenário dessa turnê, que era composto apenas por cadeiras e uns tapetes maravilhosos, foi adotado na segunda temporada aqui no Rio. Da qual eu fiz parte do elenco e que encerrou agora.


J.C.: Está se dedicando a um CD com músicas autorais?

A.V.: Estou fazendo aos poucos, é um CD independente. Terá algumas composições minhas e outras de grandes compositores como o Antônio Vileroy, Celso Fonseca e Sueli Mesquita. Está em uma fase embrionária. Quero retomar meu sonho de cantora, de quando cheguei ao Rio e que ficou de lado esse tempo todo que estive fazendo musicais. Quero fazer um trabalho “sólido”, com as minhas referências. As cantoras são um grande “forte” do nosso país. Além disso, estou fazendo uma participação no novo CD da banda Brazilian Lab.

J.C.: E quem são suas referências?

A.V.: Sempre ouvi muito Ella Fitzgerald, Diana Krall - que tem muito bom gosto além de tocar piano maravilhosamente. Adoro Celso Fonseca, Caetano Veloso, claro! Adriana Calcanhoto, que é do Sul e um exemplo de carreira para mim. Antonio Vileroy... Mandei uma música para ele e estou esperando a letra. O curioso é que fiz aula de violão com ele no Sul e agora, depois de mais de 15 anos voltamos a nos encontrar.


J.C.: Vamos falar sobre Copacabana. Como foi sua vinda para o bairro?

A.V.: Morei no Flamengo durante uns quatro anos, fui para Botafogo, Jardim Botânico... Mas sempre ouvia falarem sobre o Bairro Peixoto (foto). Diziam que era um oásis em Copacabana... Até que eu conheci e fiquei encantada. Denise Del Cueto (produtora de cinema), que já morava aqui me indicou um apartamento. A Cláudia, que é sócia dela, me ligou assim que Orã Figueiredo se mudou. Ele mal tinha saído do apartamento, eu já estava entrando... (risos).

J.C.: Qual foi a sua impressão sobre Copacabana quando chegou e qual é hoje?

A.V.: Cheguei com uma visão bem turística. A calçada de Copacabana, água de coco, quiosques, gringos, as prostitutas da Help, o Beco das Garrafas que fez parte da história da música brasileira... A Maysa (cantora) morava em Copacabana! Hoje eu sou apaixonada! Acho a praia incrível! É uma visão maravilhosa! Mas acho que deve ser mais valorizado! Quando preciso de paz, vou até a praia no final da tarde. Moro em um lugar privilegiado! A história está latente da arquitetura do bairro... Pela minha cor dá para perceber que não vou muito à praia, principalmente quando estou em cartaz, mas em janeiro fui, fiquei uma hora e meia e o impressionante: como isso me fez recarregar as energias!

J.C.: O que gosta de fazer por aqui além de contemplar na praia?

A.V.: Adoro caminhar aqui na praça do Bairro Peixoto, correr na orla... Ir na Videolocadora Paradise, pois amo cinema. É incrível como, sempre que entro lá, encontro um título que ainda não vi. Passeio pelo Shopping dos Antiquários onde tem coisas incríveis. Adoro minha rotina entre o Bairro Peixoto e Copacabana. Encontro coisas inusitadas aqui. Bons livros em sebos, CDs... E adoro a feira do Bairro Peixoto.
E tem a melhor coisa, que é estar em uma cidade grande e pensar que estou em uma cidadezinha, o Bairro Peixoto propicia isso. Vou ao bar/restaurante Pontinho e todos me conhecem. A relação com os vizinhos... Tenho muitos amigos aqui no bairro, nunca me sinto sozinha.

J.C.: Deixe seu recado para os leitores do Jornal Copacabana.

A.V.: Aprendam a valorizar, cultivar e resgatar cada vez mais Copacabana, que é um dos bairros mais charmosos do Rio. Se for revitalizado, aí não vai ter para ninguém! (risos).


* Entrevista publicada originalmente no Jornal Copacabana.




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